domingo, 13 de março de 2011

Qual a origem dos seres para os Gregos?

Templo de Apolo em Delfos

A resposta que os gregos obtiveram não visa o Nada, nem a um deus criador, mas um espaço aberto que chamaram de Caos (algo já existente, massa rude e carente de estrutura, onde forças intrínsecas e latentes poderiam, se organizadas, produzir e perpetuar a vida. O Caos não é, pois, a desordem, a confusão. É a possibilidade de tudo), matéria informe à espera de ser organizada.

A mulher que gera torna-se figuração da mãe universal, e a mesma divindade, por analogia de função passa a presidir aos nascimentos da natureza toda, e é venerada como genitora e consoladora, como Mãe Imortal. Será Gaia, a Terra, e posteriormente Deméter. A função de Pai será assumida por Urano, depois Cronos e finalmente Zeus, consagrado pai dos deuses e dos homens.

Não há para o grego o sentimento de contrição, o fomento interior pelo qual se invoca o deus para lhe implorar o perdão dos pecados. O homem grego conhece o arrependimento, o desejo de emendar-se e assim melhorar sua natureza. “Viver o Mito” implica este tipo de experiência: conhecer-se a si mesmo (escrito no frontão do templo de Apolo, em Delfos). Experiência que deve ser entendida mais no sentido naturalista do que propriamente como experiência religiosa. Tales (640 – 547 a. C.) “tudo está repleto de deuses” não referia-se à entidades abstratas e distantes, que num determinado momento tivesse resolvido criar, organizar e dirigir o mundo. Quis significar a força a tudo em vista de um fim. Em última análise. O dáimon (força misteriosa).

O mito não deixa de expressar profundos anseios religiosos, aspirações morais, necessidades de aperfeiçoamento espiritual, porém não chega a fixar um esquema de leis, prometer prêmios aos bons e castigos aos maus, nem promessas de salvação e ameaças de danação eterna.

Se, pois, o mito foi esforço do homem para captar a natureza e chegou, assim, a criar os deuses, a beleza, para os gregos, é mítica síntese da harmonia, da medida, da ordem dessa mesma natureza, que os deuses – mais fortes e imortais – possuem graus e condições diferentes. Aos homens resta imitar o natural para alcançar o belo, deixando que os deuses lhes ensinem os meios de fazê-lo.

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