terça-feira, 6 de outubro de 2009

Amor Bandido

Li a materia a seguir e me reportei aos contos de Jorge Amado, apesar do cenário paulista so invés do bahiano.

O jornalista narra a história de Sandra Regina, que viviu um "amor bandido".

Segue um trecho da matéria, a qual poderá ser lidda na integra no site do G1.

Beijos...

    A história começou com um flerte no último dia 21 de setembro na Estação Sé do Metrô. “Nos encontramos ali, mas ele me seguiu até a estação Vergueiro. Ele desceu atrás de mim, me apontou e disse: ‘Foi por causa de você’. Percebi que ele me olhava muito”, disse. Depois da tradicional troca de telefones, mais um encontro no dia seguinte, uma terça-feira (22), e o consequente primeiro beijo, também na escadaria da estação do Metrô.

    Depois disso, apenas no sábado seguinte (26), ela recebeu notícias dele por meio de um torpedo de celular: “Esqueceu de mim!”, dizia a mensagem, segundo ela. A partir daí, a troca de mensagens foi incessante – e a vontade de reencontrá-lo, de permanecer junto, só crescia.
    “Ele me disse que era divorciado e que tinha um filho, que era um médico bem-sucedido, que morava em um apartamento de R$ 1 milhão no Espírito Santo e chegou a me mostrar um extrato bancário com um saldo de R$ 15 mil. Pensei comigo: ‘Será que ele está querendo me comprar’”, afirmou, ainda com um pé atrás em relação ao novo – e desconhecido – amor de sua vida.
    Com muitas gentilezas, cavalheirismo e histórias bem contadas, Juan, aos poucos, foi minando a pouca desconfiança que havia da parte de Sandra Regina. Em uma destas investidas, ele disse a ela que tinha vindo a São Paulo para tratar e operar um paciente na Santa Casa.
    Em um dos encontros, ele, inclusive, se ofereceu para fazer uma operação em uma mulher com uma grande cicatriz de queimadura no braço que havia acabado de conhecer tomando cerveja em um bar próximo do hospital. “Fiquei até emocionada quando ele se ofereceu para ajudá-la. Ninguém ajuda ninguém nesta cidade e ele se ofereceu em troca de nada”, narrou.
    “Eu estou viciado em você”: os dizeres de mais uma mensagem de celular foram o golpe fatal no coração de Sandra Regina, seguido por uma chantagem emocional, no dia 28, também uma segunda-feira. Ele disse que precisava conversar com ela e que tinha uma notícia boa e uma ruim para dar.

    “A boa: ‘Eu estou apaixonado por você. Nunca senti isso por ninguém. Larga tudo’. E depois ele me disse a ruim: ‘A minha ex- está hospedada no mesmo hotel que eu em São Paulo. Ela bloqueou o meu cartão, está tudo preso. Estou sem nada’. Falei que eu amava ele também, que estava apaixonada. Fiquei desesperada para ajudá-lo”, disse.
    Em seu desespero para lhe estender a mão em um suposto momento difícil, Sandra chegou a levar Juan para sua casa na Zona Sul de São Paulo, onde mora com os pais, os irmãos e a filha de 11 anos, e até lhe ceder o cartão bancário, cujo saldo não passava de R$ 50, estima ela. “Ele pediu a senha do cartão e eu dei. Mas dei a senha errada, sem querer, e ele tentou fazer o saque de madrugada. Daí o cartão foi bloqueado.”
    Diante da difícil situação de Juan, ela já havia se decidido a não trabalhar na terça-feira (29), dia de seu ‘desaparecimento’. Deu uma desculpa no novo trabalho e, apesar dos apelos dos pais e irmãos, decidiu novamente se encontrar com o ‘médico’. “Meus pais me ligaram desesperados, dizendo que ele era um assassino, que não tinha CRM. Eu disse para ele que eu não acreditava em nada do que eles diziam. Perdi o juízo mesmo”, reconheceu.
    Já na noite de terça-feira, ambos sem dinheiro, decidiram vender os celulares para poder comer e arrumar algum lugar para dormir. O primeiro a ser negociado foi o dele. “Ele me falou assim: ‘Tem um gordinho lá naquele boteco que vai comprar’. Eu fui e pedi R$ 50, R$ 40 pelo aparelho, mas ninguém comprou. Acabei vendendo para um bêbado por R$ 30. Fomos para um hotel que o quarto custava R$ 30. Um lixo, mas tinha banheiro. Dormi com ele como marido e mulher”, disse. O carro, um Palio, já havia sido abandonado.
    Nos dias que se seguiram, muitas caminhadas, idas e vindas de norte a sul de Metrô pela cidade, a preocupação com a falta de dinheiro e apenas a vontade de viver cada vez mais um grande amor, sem se preocupar com as consequência e a família.
    E, entre uma parada ou outra em bares e shoppings, um novo Juan começou a surgir. “Eu não sou um médico realmente, ele me disse. Vim fazer um serviço na Santa Casa. Ele me disse que deu um desfalque de R$ 380 mil na Santa Casa; R$ 80 mil para uma Terezinha, que liberou a entrada dele lá, e R$ 300 mil para ele”, revelou Sandra.

    Depois, mais uma revelação: “Eu sou assaltante de banco, estou no crime há muito tempo. Não faço roubo pequeno, só milhões. Você vai ficar comigo?”. A resposta, segundo ela, saiu sem titubeios: “Vou ficar com você. Não vou te entregar. Não dormimos juntos?”. E os dias se sucederam até o sábado (3), dia de mais uma revelação: “ ‘Sandra, eu sou advogado, sou bacharel, eu tinha que fazer tudo isso’, ele falou. Depois, ele me disse os vários artigos que já tinha sido condenado”, contou.
    Diante da separação iminente, ele orientou Sandra Regina sobre o que dizer aos policiais. “Se te chamarem na delegacia para depor, você vai falar que você conheceu um bandido que te amou demais, mas que esse dinheiro [R$ 10 mil que ele afirma ter depositado na conta de Sandra] foi por necessidade”, teria dito ele para ela. Sobre o valor citado, Sandra não teve a oportunidade ainda de conferir no banco se foi feito tal depósito, pois o cartão ficou com Juan, assim como a chave do carro.


FIM??? 

Nenhum comentário: