domingo, 13 de março de 2011

O mito e a arte

Nascimento de Venus - Sandro Botticelli

O conceito de arte, para os gregos, enfeixou-se na imitação da natureza e permaneceu assim; mesmo para os maiores filósofos gregos, apesar de cada qual ter dado uma matiz diferente ao sentido do termo, insistem que arte é mínesis (imitação).

Do imenso patrimônio artístico e cultural dos gregos, nada, talvez, existiria sem a presença fecundante do mito. Também o acervo da civilização ocidental seria bastante menos rico e expressivo, pois é dos gregos que ela tirou seus fundamentos e o néctar que a faz, continuamente, rejuvenescer. Penetrar, portanto, na mitologia grega é remontar às origens da nossa vida intelectual, quer se expresse na arte, quer se reflita no pensamento filosófico, quer se sublime na admiração do belo, ou através do trágico, do cômico, do lírico e do romanesco. Ou, ainda, quando procuramos perguntar de novo: de onde viemos? Para onde vamos? Quem somos? A resposta talvez fosse: ainda estamos diante de um “espaço aberto”, de um Caos, que espera organização definitiva e, ainda complemento, absorto de dáimon.

A origem

A origem das divindades primordiais está ligada não à uma geração direta e paternidade e maternidade, mas a uma concepção mental, formulada para explicar a criação do mundo, das coisas e dos seres animados, assim como os vários fenômenos da vida que acontecem de maneira surpreendente e misteriosa, mas também ordenada e contínua. Poetas e filósofos procuram responder aos mil “por quês” colocados pela existência. Originam-se, assim, os mitos cosmogônicos como respostas ideológicas às solicitações da realidade e da ânsia inalienável do saber, que o homem livre em si como condição de sua racionalidade. Foram os poetas que, primeiramente, imaginaram entidades dispostas a ordenar e coordenar o universo: cantaram-nas com suas fantasias, desperta para as mais belas construções ideais, conseguindo criar figuras impalpáveis. E elas deram espaço e forma, sentimentos e paixões. Nomes e atitudes. Homero e Hesíodo, entre os gregos, Ovídio entre os latinos, foram os maiores que nos ligaram estupendas descrições desses seres divinos. Sucessivamente, grandes filósofos, como Platão, empenharam-se em estabelecer-lhes as mais elevadas atribuições de competência na ordenação do mundo físico e humano.

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